sábado, 25 de abril de 2015

Depois de tudo o que ficou?

Depois de tudo o que ficou?
"Não levaste a minha carne
mesmo que se tenha misturado com tua.
E não levaste o meu sangue
mesmo que se tenha embebido do teu.
O prazer não se leva e mal se recorda,
e nem fica no rosto como tatuagem...
Então...depois de tudo o que ficou?
- Talvez as palavras que ao ouvido te dizia.
Não as saudades da carne, mas da poesia!"


João Morgado

sexta-feira, 24 de abril de 2015

Sou amputada de irmãos vivos.

Somos quatros raparigas e um rapaz, da parte do pai. O meu pai, decidiu nunca fazer parte da minha vida. E ser completamente ausente na vida delas. Talvez, para se tornar pai a tempo inteiro do rapaz.
Não tendo tempo,para ser avô, se quer...

Nunca o vi,pessoalmente. Mas ele viu-me umas duas ou três vezes. Depois fez-se vida. Deixando para trás uma miúda de dezoito anos, com uma bebé nas mãos. Afinal, havia coisas mais interessantes na vida do que assumir as responsabilidades. Nunca deu pensão. Nem se preocupou, se eventualmente aquele aquela filha tinha comer na mesa todos os dias.

Não guardo, rancor, nem magoas. Mas guardo alguns porquês.
Não é fácil uma criança crescer com ausência do pai. “Não ter pai” no dia do pai. Não receber os parabéns do pai, no seu dia de anos. Nunca poder dar-lhe os parabéns. Ou nunca ter passado um natal em casa do pai. Ou ter uma prenda de natal do pai. De não lhe puder ligar a dizer, que o dia de hoje foi uma verdadeira treta que tudo correr mal, ou simplesmente que tinha tido boa nota num teste.

Mas apesar do abandono, ele ensinou-me muito mais que alguma vez poderá imaginar. Coisas boas e coisas más também. Ensinou-me a não ser cobarde e agarrar o touro pelos cornos, ensinou-me cada um nasce para o que nasce. E quem nem todos os homens nascem para ser pais, apenas homens. Ensinou-me a sonhar, por que todos os dias durante anos. Sonhava como ele, de como seria. Ensinaste-me a nunca mendigar o amor ou atenção de ninguém. Ensinas-te a nunca viver as coisas por metade. E que quem quiser estar na minha vida, tem de estar por inteiro.

Mas também ensinou me a ser muitíssimo reservada, insegura, tímida e bruta. Ensinou-me a construir-me e reconstruir-me todos os dias e a não ter medo de começar sempre do zero. Porque no “fim”, haverá sempre algo melhor a minha espera. E ensinou-me, que quando quiser construir uma família, tenho escolher muito bem os pais para os meus filhos. Afinal a figura paterna também faz muito falta. E ensinou-me muito mais...

Mas, e existe sempre um mas...Se há coisa que eu nunca vou lhe vou perdoar, é o facto de nunca ter feito nada, para que os filhos se conhecem. E pudéssemos crescer juntos. Saberes que tens irmãos da tua idade nunca teres convivido com eles. E como te amputarem uma parte do teu corpo à nascença. Como uma árvore que mal nasce, lhe cortam um pedaço do pé. Ela continua a crescer, mas com cicatrizes. As folhas não serão,nunca,tão verdes como serias com aquele pedaço de pé que lhes falta. Os ramos começam a ficar débeis. E as folhas começam a cair amareladas e secas antes do outono. Porque afinal, faltou-lhes conhecer a outra parte da raiz. Que fica sempre a ecoar, dentro delas, e sou parecida com quem. Tenho o mau feitio de quem. Como serão elas.


Mas eu sabia que um este pedaços de mim iriam aparecer. Ele apareceu, de mansinho como não quer a coisa. Através do facebook. Falamos 5 minutos apenas isso nunca tive com ele. Elas pareceram por facebook também, vamos mantendo contacto e vamos falando. Mas hoje, apesar do convite de uma delas, para irmos beber café. Faltou-me a coragem. E foi cobarde, exatamente como ele. Só a desculpa foi diferente. A minha foi o excesso de trabalho a dele era que olhos que não veem, coração que não sente.

Mas o meu sente. Sente, a falta de todos aqueles que são “meus” e me foram tirados amputados à nascença. Ironia da vida, a filha que nunca viu nem conhecem e mais parecida com ele fisicamente. E talvez em algumas coisas, a nível da personalidade.

Pode ser que um dia nos vejamos por...pai. E sim sou muito feliz, com arestas, ainda por limar, mas feliz!

quarta-feira, 22 de abril de 2015

Falou-me em casamento,e, eu aceitei!


Não, não me vou casar.
Mas sabem, quando existe um colega de trabalho, que sem darmos por isso torna-se num dos nosso melhores amigos. Aquele, amigo, que tem uma mente tão pura(not) quanto a tua. E que seja em que situação for, quer seja no meio de uma multidão, no "silencio" esmagador de uma reunião, ou simplesmente no meio de uma das nossas conversas de malucos que ninguém entende, só...só nós!

Entendemo-nos, com olhares vazios, ou expressivos, com sorrisos ou gargalhadas, que muitas vezes não deixam o almoço descer. Mas que nos fazem tão felizes, que de vez enquanto até deixamos escapar a mais bonita declaração de amizade....São estes momentos, os melhores que levamos daqui. Diz ele. e eu, confirmo.

Acho que pela, primeira vez, fizeste-me acreditar, que sim, existe amor de amigos, entre um homem e uma mulher. Sem segundas intenções. Sem cobranças. Onde duas almas se entrelaçam e deixam a viva correr, como a brisa fresca num dia de calor infernal. Foi no meio desta amizade que tu me prometes,ser meu amigo até sermos velhinhos. E eu aceitei.

O "problema", está exatamente, quando este Ser, tão especial nos liga ao final do dia, e nós diz. 

Ele-Sabes amiga, o teu amigo, vai-se casar. É por isso que te estou a ligar. Para te convidar.
Eu- (Sem estar minimamente à espera. Fiquei super feliz.) -A sério que bom, claro que vou. Conta comigo.
Eu-É quando amigo?
Ele- X de Setembro. 
Eu  -Jura?! Espera...deixa-me respirar.... A sério mesmo. No dia em que 30 ANOS!!!

....
...
...

Pois é, no dia que faço 30 ANOS. Tenho o casamento do meu melhor amigo. E já escolhi o vestido. Só falta os acessórios e o penteado.




E sim, quero esta amizade, para sempre, até sermos velhinhos. 

 


segunda-feira, 20 de abril de 2015

Hoje tive saudades....

Hoje acordei e a primeira coisa que pensei foi em mim, coincidência ou não, entro no autocarro e passa aquela musica, que aprendia a gostar contigo . Tanto tempo depois, talvez seis anos já se passaram. Nunca pensei sentir saudades daquele amor louco e desenfreado de adolescente. Que tanto me fez rir como chorar. Nunca fomos namorados, a vida assim o quis e bem. Não teria tido maturidade para saber lidar com o aquele sentimento. Mas oito anos ao teu " lado", numa "relação" de adolescente foi qualquer coisa, uma escola talvez...


Hoje estive saudades, muitas! Saudades que pensem nunca ter. Mas enquanto ouvia aquela música, fechei os olhos e imaginei-te... Na minha mente, ecoou uma voz igual à tua, de como me lembro dela. Tinhas a mesma forma de olhar, numa expressão tão tua. A mesma forma de fechar as mãos de quando terminavas os teus diálogos, com a certeza que sempre tiveste de seres o senhor da razão.


Passaram-se seis anos, e na minha mente continuas igual, é tão estranho, porque sei que não estás igual. Os meus sentidos ainda te reconhecem o cheiro, o toque, os teus modos e teu sentido de humor como se estivéssemos estado juntos ontem.

Se nos cruzássemos novamente pela vida, estaria tão diferente que dificilmente me reconhecerias. Eu jamais me reconheceria diante de ti. Esta sensação é assustadora. Mas quando penso em ti, recordo-me que se passaram anos, e pergunto-me se também estaria tão irreconhecível quanto eu. 

Seremos duas pessoas estranhas incapazes de nos reconhecer, ou nos reconheceríamos de imediato, entre sorrisos e gargalhadas ingénuas e olhos capaz de devorar o mundo a nossa volta. Com uma alegria, e sede de viver que sempre nos caracterizou diante da nossa arrogância de adolescentes, que nos fazia pensar que podíamos magoar os outros e nunca saiamos magoados...


Saudade, é o sentimento desta segunda feira, saudades do teu maravilhoso sorriso...